De uma forma bastante directa, o problema suscitado pelo regime da plantação e pelo regime colonial é o problema da funcionalidade da raça como princípio no exercício do poder e como regra da sociabilidade.
No contexto actual, evocar a raça é apelar a uma reflexão sobre o dissimilar, aquele com quem não se partilha nada, ou muito pouco—aquele que, ainda que connosco, perto de nós ou no meio de nós, não é, em última análise, um de nós. Muito antes do Império, a plantação e a colónia constituíam um “alhures”.
Partilhavam a distância e a estranheza, no “além-mar”. E quase sempre apareciam na imaginação metropolitana como limites extremos. Hoje, a plantação e a colónia mudaram-se, e montaram a tenda aqui, no exterior das muralhas e paredes das cidades europeias. Esta mudança complica a definição dos limites entre o interior e o exterior, e, assim fazendo, questiona os critérios da pertença, quando já não é suficiente ser cidadão de um país europeu para se ser considerado inteiramente europeu— e se ser tratado como tal.
Curadoria
Miguel Von Hafe Pérez
Design Gráfico
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Montagem
Sérgio Peixoto
Fotografia
Adriano Ferreira Borges