LOOKING UP FROM UNDERNEATH
23.09.2021 - 23.11.2021
Diogo da Cruz
Tal como os seres humanos, que procuram respostas para as questões não resolvidas das suas vidas dentro de si mesmos, onde apenas a água pode retê-las, as profundezas do oceano retêm todas as pendências, tudo quanto permanece por resolver e diz respeito às atrocidades do passado colonial da nossa civilização. Literal e metaforicamente, aprofundar, ou mergulhar fundo é uma ação especulativa. Através da sua pesquisa e prática artística, da Cruz mostra-nos como a profundidade e a água estão intrinsecamente associadas — biológica, histórica e economicamente — dentro do nosso corpo, no oceano que separa e liga as nossas diferentes geografias, e também nos jogos financeiros e capitalistas representados pela exploração mineira nas profundezas abissais.
Diogo da Cruz investiga esta memória descentralizada, que se encontra no fundo das águas que constituem os oceanos e os nossos corpos humanos, invertendo a nossa perspetiva vertical — de cima para baixo. À deriva, ele explora novas formas de pensar sobre a vida quebrando fronteiras físicas, cronológicas e geográficas. Ao ousar imaginar novas ligações entre água e profundidade, ele reflete e sugere novos modos de cuidar da água nos nossos corpos e oceanos, retratando-a como um vasto dispositivo mnemónico capaz de recordar quem fomos, quem somos e quem seremos, seja como indivíduos ou como comunidade.
Irene Campolmi
Na exposição foram aprersentados objetos desenvolvidos durante o mês de Junho de 2021 na residência UmbigoLAB @ ArtWorks, na Póvoa do Varzim. A peça de vídeo "Hydrophilic bounds" é o resultado de uma colaboração com Fallon Mayanja, que conta com a participação de Florine Zegers e Lea Vajda.
Curadoria
Guilherme Braga da Cruz
Duarte Sequeira
Texto crítico
Irene Campolmi
Design Gráfico
Joana Paulino
Montagem
Sérgio Peixoto
Fotografia
Adriano Ferreira Borges
Finissage
Performance "Sensing Satellite" de Fallon Mayanja