O coração montanhoso do Alto Minho, no norte de Portugal, é um território místico, onde o isolamento do ambiente natural moldou as crenças dos seus habitantes durante séculos. Aqui, a distância para o além é estreita, e as práticas espirituais são mantidas vivas entre a população que muitos acreditam sobreviver apenas na memória dos livros: encantamentos, pessoas capazes de comunicar com os mortos, possessões, rituais noturnos de magia negra, um rasto de supostas bruxas espalhadas pelas aldeias, sacrifícios, exorcismos, aparições, portais para outros mundos e uma miríade de amuletos e rituais pagãos de magia branca como forma de proteção contra o Mal.
Atualmente, a população mundial está concentrada em ambientes urbanos superlotados, onde a amálgama de origens leva frequentemente à homogeneização cultural, à perda de valores e crenças nativas. A sociedade moderna, agora iluminada, exige explicações racionais, uma descrença no mito.
E no entanto, desde o início dos tempos, vários fenómenos têm vindo a acontecer em torno do Homem sem que ele seja capaz de lhes dar uma explicação racional.
Os batismos da meia-noite é um ensaio fotográfico a meio caminho entre a fantasia e o estudo etnográfico, fruto de um interesse genuíno em crenças que muitos insistem em classificar como folclore do passado. O trabalho confirma a sobrevivência de uma visão única do mundo espiritual. Um legado de cultura popular transmitido através de gerações num lugar tão simbólico como a Serra da Peneda, uma montanha onde as forças da luz e da escuridão têm travado uma batalha desde tempos imemoriais.
Curadoria: FAHR 0213